quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Quem procura, acha.

Bastião olha o espelho.

Ele não vê NADA. Nem se espanta com isso. Bastião perdeu o medo há muito tempo. "Baleia morreu" pensa o rapaz. Alto, pouco acima da média, tipo físico forte, não definido. Definir-se é para quem tem algum problema com auto-estima, ao menos é o que Bastião pensa.

Ele trabalha, mas em que? Bastião não se lembra em que trabalha. Quando pensa nisso, ele apenas tem uma grande sensação de inevitabilidade. Uma lembrança o agrada, o Sol. O Nascer do Sol é a lembrança que mais agrada a pouca percepção de vida que existe em Bastião. Ele sente que deve fazer o que está para fazer. Ele sente que é o melhor a ser feito. E que ele é o mais indicado para a tarefa, assim, essa sensação de inevitabilidade pode esvair. Mas, o que fazer?

Sem lembrar do trabalho, tendo como bússola apenas as sensações, pressentimentos. Como e o que fazer? Bastião apenas sabe. Ele confia nisso. Novamente ele diz para si mesmo: "Baleia Morreu".

Não sabemos quem ela é ou o que fazia. Nosso guia é o sentimento de Bastião. Baleia é vida. Baleia é força. Baleia não desiste. Mas do que? O que ela caça com tanta vontade? Bastião se espelha apenas nessa caçada. E é isso que ele fará. Ele vai caçar. Sobreviver e deixar alguma marca.

O espelho não reflete nada para Bastião. Não tem NADA ali que sirva para ele. Então por que ele ainda está ali? O que ele procura? O que ele quer? Qual sua caça?

Bastião não sabe. Mas ele sabe que vai procurar o que suas sensações e pressentimentos quiserem, mesmo que ele ainda não saiba. Por que no futuro, esses pontos todos podem se intercalar, e então Bastião notará que houve algo, bom ou ruim, não importa, mas houve.

Por isso a caçada de Bastião é silenciosa, quase como uma presa. Por que não se deve caçar coelhos ou preás. Deve-se caçar. Quem caça lebre, quando vê um preá, vai pensar que é lebre. Mas o pior é quando confunde com um porco-espinho. Bastião apenas caça. Não caça lebre, nem preá. Ele apenas caça.

Baleia está morta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O espelho que reflete Risos

Não deixem um louco corrigir
Os desenhos das crianças
O Sorriso não pode partir
Nem esvair a lembrança

Dorme, Criança
Dorme meu Amor.
Que a faca que corta
Dá talho sem dor


Quando acordo com as vozes
Vozes loucas para um louco
Que ouve estes alegres risos
Me faz correr à procura

Dorme, Criança
Dorme meu Amor.
Que a faca que corta
Dá talho sem dor


Recordo todos os movimentos
E a falta que você me faz
Recordo as birras e os gritos
Seguido da alegria costumas

Recordo dos brinquedos
Teus cabelos entre os dedos
Recordo que daqui pra frente
O mundo não fica estacionado

Recordar me faz contente
De vocês não escondo sorrisos
Sei que estão bem ao lado
No espelho que reflete risos

Dorme, Criança
Dorme meu Amor.
Que a faca que corta
Dá talho sem dor



* o trecho em itálico foi extraído de uma cantiga de ninar

domingo, 19 de outubro de 2008

Ébrio como exemplo de sobriedade

Uma das coisas que mais me decepciona hoje, e creio que só é uma das coisas que mais me decepciona hoje por eu nunca ter tido a argúcia de reparar nesse fato, é que as pessoas têm um certo grau de mitificar, e por que não de mistificar também, seus ídolos. Vejo muita gente que não pode ouvir falar nada sobre os defeitos de seus ídolos. Pior que isso, é como se a "ofensa" fosse para elas mesmas. Como quando nos referimos a uns determinados rappers que tem como única visão àquela da qual falam, e tem também como único objetivo fama e poder (isso ocorre mais entre os rappers americanos, ainda bem), letras sem nenhum valor moral. E não falo de moralismo, mas de respeito.
Mas isso não se enquadra apenas entre os rappers, na verdade eles são até que os menos admirados por imbecilidade (pelo menos aqui no Brasil), nem vou entrar no velho e clichê argumento sobre pagodeiros, axé, ou falsos funks. Vou manter minha linha de raciocínio mais no grupo que integra grande parte desse grupo de discussão: Os Roqueiros. Pois são neles que eu vejo o maior fanatismo, e também uma arrogância de crer poder falar mal de outras pessoas que "curtam" outros estilos, taxando como alienadas e etc. Infelizmente, essa arrogância, munida da ignorância, pois a maioria realmente não passa de pseudointelectuais, comunas de escritório, ou de quintal, anarcoegoístas, intelectualóides.
Talvez eu ainda não tenha ferido o Ego de ninguém até o momento, mas se eu já feri, melhor ainda. Mas creio que o ponto onde eu atinjo seja agora. Nesse momento falo dos ídolos.
As pessoas costumam procurar seus ídolos em mártires, infelizmente os roqueiros os procuram em seu grupo, e não sei por qual motivo, parte da culpa vem divulgação dessas pessoas como verdadeiros deuses. Um exemplo atual: Courtney Love. Ela é o reduto do que sobrou de Kurt Cobain (esse também não é nenhum exemplo para se seguir), arrogante, imbecil, fruto de um mundo onde os prazeres se resumem às coisas pequenas, acredita, também, estar acima de regras sociais (sim, mesmo numa anarquia teríamos regras, respeito seria uma delas). Milhares de fãs a idolatram. Mas pelo que? Por não saber tocar? Por ser arrogante? Por ter "Atitude"? O mesmo se refere ao Kurt, mas tiro dele a arrogância, e ainda sim se preocupava um pouco com outras questões do mundo ao seu redor, questões mais importantes. Infelizmente sua rebeldia infantil e sem direção não leva a nada. E muitos o têm como exemplo, como mártir, como Mito. É triste para mim, alguém ter como ideal de ser humano o Kurt (não que ele não tenha seu lado bom, mas as pessoas se prendem apenas ao ruim, todos, até mesmo você que nessa hora pensa que isso não te atinge). É triste ver que idolatrem o Kurt, mas esqueçam de Ghandi, adorem Courtney, e deixem de lado Marley.
Kurt me lembra bem o Raul Seixas, e eu tenho uma grande admiração pelo Raul, mas ele também tinha grandes falhas, porém grandes atitudes reais, e não apenas de sair se arrastando de um palco como alguém que precisa de terapia, e não de música. Um enfrentamento da sociedade real, contra a ditadura, e a censura. Mas em muitos aspectos ele nem deveria ser lembrado, exceto se fosse mostrado como algo à não ser feito ou seguido. É isso que temos que aprender a procurar nos nossos ídolos, uma busca de motivos reais para a admiração. E nem de longe idolatrar essas pessoas. Deveríamos procurar mais por novos ídolos, e procurar perto de nós mesmos. Um irmão, vizinho, amigo, ou alguém que realmente fez algo de diferente.
Pra finalizar, eu poderia citar milhares de exemplos de ébrios como exemplos de sobriedade, mas preferi manter-me nos que estão mais em "alta" hoje em dia, vou citar exemplos, que para mim, sejam realmente valorosos, mesmo com seus defeitos: Voltaire, Franz Kafka, Machado de Assis, Raul Seixas, Bob Marley, John Lennon, Toda a Galera que tocou no Concert For Montserrat (Elton John, Paul Mc Cartney, Mark Knopfler, Sting, Carl Perkins, Phill Colins e por ai vai), Mahatma Ghandi, Martin Luther King, Proudon, Engels, Bakunin, meu pai. Nossa muita gente.

Um abraço... Até mais...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

PIOLHOS


Olá. Hoje acordei muito bem. E espero que vocês também. Acordar bem pra mim é estar preparado para verdades, fatalidades de nossas vidas. Como seria bom se fosse tudo uma mentira. Sem enrolar mais eu digo a que vim tratar. Falarei de como você pode ser patético. E de como provavelmente é patético.
Agora vou supor que você está lendo, ainda, esse texto. É óbvio que é um texto mediano, não sou nenhum Machado de Assis, e lendo esse texto você diz pra si mesmo que eu sou apenas um mal amado, carrancudo, babaca, que vê a vida em preto-e-branco e etc. Eu aqui na minha gloriosa posição só posso concordar com você. Mas por que minha posição é gloriosa? Simplesmente por que eu SEI que eu sou Mal amado, carrancudo, babaca, e que não vejo as cores do mundo. Saiba que eu sei que sou assim, e por isso sou glorioso. Vocês acreditam que são felizes, mas isso é só por que alguém diz isso pra vocês. Que a esperança é a última que morre e por aí vai. Ainda irritados com o que eu disse, há sempre uma grande dificuldade em aceitar as verdades nos fatos, vocês me xingam, me atacam de alguma forma. Mas parem pra pensar; a vida de vocês é uma merda. Mas eu vou ajuda-los a entender a merda.
Não acredito que ainda esteja achando isso tudo uma palhaçada. Mas vou ajudar nisso. Responda-me uma coisa: Você fará falta pro mundo? Seus pais chorarão, seu cachorro ficará triste. E alguns amigos também. Namorada ou namorado, a cobrança e etc... Mas eles perceberão que a vida continua sem você. Que a Primavera, mesmo sem você, virá. As crianças africanas passarão fome ainda, o homem continuará a ser o lobo do homem. Resumo: Sua vida é patética e inútil. Eu poderia dizer: “Quando você morrer somente seus piolhos irão chorar” mas não é assim que funciona. Os pobres animais nem consciência terão de sua morte. Quando ela vier, eles pensarão que a terra infértil na qual eles viviam já se esgotou, o que era péssimo se acabou. E um dos piolhos gritará amaldiçoando o desprezível ser responsável por tal desgraça. E o pobre piolho mal sabe que o responsável por isso está morto. Coitado do piolho, nem essa alegria ele terá, saber que o maldito ser boçal teve um fim antes dele.
Tenhamos pena dos piolhos. Pois não tem consciência da maldição que cai sobre nossas cabeças. E conseqüentemente sobre eles.